Cinema modular – Um filme-resposta de Chantal Akerman a Pina Bausch
DOI:
https://doi.org/10.34629/rcdmt.vol.2.n.1.pp106-126Palavras-chave:
Cinema modular, Un jour Pina a demandé, Chantal Akerman, Pina BauschResumo
O propósito deste artigo é demonstrar como o filme Un jour Pina a demandé (1983), de Chantal Akerman, mais do que inscrever-se na linhagem de documentários e peças televisivas sobre a figura artística de Pina Bausch, pode (e deve) ser pensado como filme-resposta (uma resposta criativa, se quisermos) à praxis da coreógrafa alemã. Un jour Pina a demandé actua como co-criador face à matéria artística (imagens e sons dos espectáculos, e/ou ensaios de Bausch e dos bailarinos da sua Companhia – a Tanztheater Wuppertal) que se propõe a modular cinematograficamente. Identificaremos, nesse tratamento, uma série de operações cinematográficas que condizem com o método de criação (i.e. da visão) da própria Pina Bausch. Por fim, argumentaremos que o filme de Akerman serve de modelo para uma definição de cinema modular, segundo a qual a praxis cinematográfica pode ser pensada como uma resposta afectiva a outras obras de arte (cénicas, plásticas, visuais ou sonoras), revelando os aspectos intrinsecamente cinematográficos e, possivelmente, originando uma outra obra a partir dessa revelação.
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Un jour Pina a demandé. Chantal Akerman, real. 1983, BRT, France 2, INA.
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