Desfazendo fronteiras: uma reflexão sobre o campo expandido nas artes do caminhar a partir da caminhada artística Imemorial: Passos no Cativeiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34629/rcdmt.vol.2.n.1.pp150-174

Palavras-chave:

Caminhada artística, Arte expandida, Áudio-walk, Audiófilo, Pós-memória

Resumo

Neste artigo queremos pensar a caminhada como uma forma de arte “expandida”, enquanto expressão artística de convergência entre vários formatos integrando elementos tão diversos como tempo, espaço, performance, cenografia, sonoplastia, dramaturgia, tecnologia e participação do público, para criar experiências imersivas e incorporadas. Enfatizamos o seu potencial como acontecimento multimodal, mobilizador, capaz de gerar novos estratos de significação no espaço público, e a sua capacidade inerente de envolver os participantes num processo de receção ativa, inserindo-se num campo de práticas artísticas contemporâneas que tensionam a relação entre corpo, história e paisagem urbana. Debruçamo-nos sobre um caso de estudo, a caminhada-performativa: Imemorial-Passos no Cativeiro, que num percurso estruturado em estações narrativas, questiona processos de apagamento histórico fazendo uso de um dispositivo narrativo e sensorial ativador da memória coletiva e (re)configurador da perceção do espaço urbano. A partir desta análise, discutimos como as artes do caminhar se podem posicionar na interseção entre estética, política e tecnologia, evidenciando a sua relevância no panorama das práticas artísticas contemporâneas.

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Biografia do Autor

  • Rui Antunes, Universidade Lusófona

    Rui Filipe Antunes é um investigador cujo trabalho cruza movimento humano, ambientes digitais e processos algorítmicos. Investiga a representação computacional do corpo, especialmente em realidade virtual e animação por IA. Investigador no CICANT (Universidade Lusófona), lidera projetos sobre dança, corporeidade e tecnologia imersiva, como Ghostdance. Foi Marie-Curie Global Fellow nas Universidades de Lisboa e Genebra, com doutoramento em media arts por Goldsmiths, Universidade de Londres. É também presidente da Associação Substantivo Mágico, um colectivo artístico dedicado à produção de caminhadas performativas com um cariz histórico.

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Publicado

2025-06-23

Como Citar

Desfazendo fronteiras: uma reflexão sobre o campo expandido nas artes do caminhar a partir da caminhada artística Imemorial: Passos no Cativeiro. (2025). RHINOCERVS: Cinema, Dança, Música, Teatro, 2(1), 150-174. https://doi.org/10.34629/rcdmt.vol.2.n.1.pp150-174