Desfazendo fronteiras: uma reflexão sobre o campo expandido nas artes do caminhar a partir da caminhada artística Imemorial: Passos no Cativeiro
DOI:
https://doi.org/10.34629/rcdmt.vol.2.n.1.pp150-174Palavras-chave:
Caminhada artística, Arte expandida, Áudio-walk, Audiófilo, Pós-memóriaResumo
Neste artigo queremos pensar a caminhada como uma forma de arte “expandida”, enquanto expressão artística de convergência entre vários formatos integrando elementos tão diversos como tempo, espaço, performance, cenografia, sonoplastia, dramaturgia, tecnologia e participação do público, para criar experiências imersivas e incorporadas. Enfatizamos o seu potencial como acontecimento multimodal, mobilizador, capaz de gerar novos estratos de significação no espaço público, e a sua capacidade inerente de envolver os participantes num processo de receção ativa, inserindo-se num campo de práticas artísticas contemporâneas que tensionam a relação entre corpo, história e paisagem urbana. Debruçamo-nos sobre um caso de estudo, a caminhada-performativa: Imemorial-Passos no Cativeiro, que num percurso estruturado em estações narrativas, questiona processos de apagamento histórico fazendo uso de um dispositivo narrativo e sensorial ativador da memória coletiva e (re)configurador da perceção do espaço urbano. A partir desta análise, discutimos como as artes do caminhar se podem posicionar na interseção entre estética, política e tecnologia, evidenciando a sua relevância no panorama das práticas artísticas contemporâneas.
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