Para uma nova cinefilia: o filme-museu como cartografia do real
DOI:
https://doi.org/10.34629/rcdmt.vol.1.n.1.pp121-143Palavras-chave:
Filmes-museu, Temporalidade, Espacialidade, Cartografia do real, Conhecimento pela montagem, No Quarto da VandaResumo
Neste texto, abordar-se-ão dimensões de produção do que denominámos filmes-museu, justificando a necessidade da sua existência para proveito e fruição de um novo tipo de espectador. Numa época de omnipresença telemática, a desconsideração da temporalidade e da espacialidade provocam uma reversão da interioridade, uma perda da experiência de aprofundamento dos filmes por parte dos seus fruidores. Os filmes-museu geram efeitos de monumentalidade, conseguem transformar um intervalo de tempo num acontecimento, convocam o espectador, capacitando-o como co-produtor de sentido, tornando-o activo. É assim que um cinema de cartografia do real possibilita a desmontagem e remontagem por parte do espectador, a caminho de uma nova cinefilia. Como ilustração deste fenómeno mais amplo, convocar-se-á o filme No Quarto da Vanda, de Pedro Costa.
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