A imagem imortal

deepfakes e os limites da identidade midiática pós-morte no caso VW Brasil 70

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34629/cpublica.846

Palavras-chave:

deepfakes, identidade midiática, subjetividade, inteligência artificial, paradigma indiciário

Resumo

Investigamos como as tecnologias de inteligência artificial, especialmente os deepfakes, podem prolongar a identidade de um indivíduo além de sua existência física, dissociando-a de sua subjetividade original e dos limites temporais e espaciais. Utilizamos o caso do comercial da Volkswagen que recriou digitalmente a cantora Elis Regina para analisar as implicações éticas, sociais e filosóficas dessa prática. Seguimos o paradigma indiciário, conforme esmiuçado por Braga (2008), e realizamos uma análise qualitativa dos comentários do vídeo no YouTube, organizados e categorizados com o software Atlas.ti. Os resultados apontaram desde a admiração pela tecnologia até críticas éticas sobre memória e autenticidade. Concluímos que há uma necessidade urgente de regulamentação e análise crítica continuada das tecnologias de deepfake, para proteger a dignidade e a memória dos indivíduos recriados.

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Biografias do Autor

  • Jader Lúcio Silva Jr., Universidade Federal Fluminense

    Professor de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda (UFF). Doutorando e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Mídia e Cotidiano (PPGMC/UFF). Graduado em Cinema e Audiovisual (UFF).  Pesquisador Bolsista pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Brasil). Seu interesse de pesquisa está na relação entre as mídias sociais digitais e as práticas cotidianas, pensando a influência da mídia nos processos de subjetivação e produção de identidades.

  • Alexandre Farbiarz, Universidade Federal Fluminense

    Doutor em Design pela PUC-Rio, Mestre em Educação e Linguagem pela USP e Mestre em Design pela PUC-Rio. Professor Associado do Curso de Jornalismo e professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Mídia e Cotidiano (PPGMC) da Universidade Federal Fluminense (UFF). Coordenador do grupo de pesquisas Educação para as Mídias em Comunicação (educ@mídias.com/PPGMC/UFF) e do grupo de pesquisas Design na Leitura de Sujeitos e Suportes em Interação (DeSSIn/PPG Design/PUC-Rio). Pesquisa nas áreas de Comunicação, Design e Educação, com ênfase em relações discursivas, mídias e ensino aprendizagem; atuando principalmente nos temas: Educação Crítica para as Mídias, Mídia-Educação, Literacia Midiática, Educomunicação, Educação a Distância, Jogos e Educação, Gamificação, Comunicação Visual, Discurso e Linguagem.

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Publicado

2024-12-13

Edição

Secção

DOSSIÊ TEMÁTICO: Cultura digital: mediatização, vigilância e espaço público

Como Citar

A imagem imortal: deepfakes e os limites da identidade midiática pós-morte no caso VW Brasil 70. (2024). Comunicação Pública, 19(37). https://doi.org/10.34629/cpublica.846