A imagem imortal
deepfakes e os limites da identidade midiática pós-morte no caso VW Brasil 70
DOI:
https://doi.org/10.34629/cpublica.846Palavras-chave:
deepfakes, identidade midiática, subjetividade, inteligência artificial, paradigma indiciárioResumo
Investigamos como as tecnologias de inteligência artificial, especialmente os deepfakes, podem prolongar a identidade de um indivíduo além de sua existência física, dissociando-a de sua subjetividade original e dos limites temporais e espaciais. Utilizamos o caso do comercial da Volkswagen que recriou digitalmente a cantora Elis Regina para analisar as implicações éticas, sociais e filosóficas dessa prática. Seguimos o paradigma indiciário, conforme esmiuçado por Braga (2008), e realizamos uma análise qualitativa dos comentários do vídeo no YouTube, organizados e categorizados com o software Atlas.ti. Os resultados apontaram desde a admiração pela tecnologia até críticas éticas sobre memória e autenticidade. Concluímos que há uma necessidade urgente de regulamentação e análise crítica continuada das tecnologias de deepfake, para proteger a dignidade e a memória dos indivíduos recriados.
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