Introdução
DOI:
https://doi.org/10.4000/cp.5540Abstract
O cidadão, para atuar em democracia, precisa de ter acesso a informação relevante, verídica e plural. A responsabilidade social da imprensa – um conceito introduzido em 1947 pela Comissão Hutchins – assenta no direito fundamental a informar e a ser informado. O jornalista desempenha um papel socialmente reconhecido de construção da realidade. Trata-se de um “poder simbólico”: um poder “invisível”, “quase mágico”, “de fazer ver e fazer crer, de confirmar ou de transformar a visão do mundo e, deste modo, a ação sobre o mundo, portanto o mundo” (Bourdieu, 1989). Nos anos 90, Bourdieu (1997) criticava os jornalistas por deterem o monopólio de facto dos instrumentos de difusão da informação a grande escala, contra o qual se defrontavam os produtores culturais. Apesar de os produtos media gerarem “enormes” externalidades (Baker, 2004), o campo jornalístico está submetido às exigências dos mercados do leitor e do anunciante. Todavia, a baixa autonomia do campo jornalístico, denunciada por Bourdieu (1997) nos anos 90, acentuou-se no século XXI; uma tendência que está a ser acompanhada pela perda crescente do poder de gatekeeper (controlador do fluxo de informação) dos jornalistas.
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