Para uma nova cinefilia: o filme-museu como cartografia do real

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DOI:

https://doi.org/10.34629/rcdmt.vol.1.n.1.pp121-143

Palavras-chave:

Filmes-museu, Temporalidade, Espacialidade, Cartografia do real, Conhecimento pela montagem, No Quarto da Vanda

Resumo

Neste texto, abordar-se-ão dimensões de produção do que denominámos filmes-museu, justificando a necessidade da sua existência para proveito e fruição de um novo tipo de espectador. Numa época de omnipresença telemática, a desconsideração da temporalidade e da espacialidade provocam uma reversão da interioridade, uma perda da experiência de aprofundamento dos filmes por parte dos seus fruidores. Os filmes-museu geram efeitos de monumentalidade, conseguem transformar um intervalo de tempo num acontecimento, convocam o espectador, capacitando-o como co-produtor de sentido, tornando-o activo. É assim que um cinema de cartografia do real possibilita a desmontagem e remontagem por parte do espectador, a caminho de uma nova cinefilia. Como ilustração deste fenómeno mais amplo, convocar-se-á o filme No Quarto da Vanda, de Pedro Costa.

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Biografia do Autor

  • Pedro Florêncio, NOVA Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

    Licenciado pela ESTC (Escola Superior de Teatro e Cinema), tem um mestrado em Cinema pela FCSH/UNL e é doutorado em Artes pela Universidade de Lisboa. Publicou, em 2020, o livro “Esculpindo o Espaço - O cinema de Frederick Wiseman”, baseado na sua dissertação de doutoramento.  

    Lecciona "História do Cinema" e "Cinema Português" na Licenciatura e Mestrado de Ciências da Comunicação na FCSH (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa), “Portuguese and Brazilian Cinema” ao abrigo do programa de cursos internacionais CIEE (Course Study Abroad), "Documentário" na ETIC (Escola de Tecnologias Inovação e Criação) e “Representação Espacial”, “Narrativa Visual” ou “Story Board” na EPJP (Escola Profissional Jean Piaget). É coordenador do Plano Nacional de Cinema no IDS (Instituto para o Desenvolvimento Social).  

    Realizou, em 2011, a curta-metragem “Banana Motherf*cker”, que recebeu diversos prémios internacionais. Em 2014, realizou "Onde o meu amigo pintou um quadro", exibido em vários festivais nacionais e internacionais desde então. Em 2017, realizou a média-metragem “À Tarde”, que recebeu o Prémio Especial do Júri na Competição Nacional do DocLisboa 2017. "Turno do Dia" é a sua primeira longa-metragem, que estreou mundialmente no DocLisboa 2018 e comercialmente em 2019. 

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Publicado

2022-07-25

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Como Citar

Para uma nova cinefilia: o filme-museu como cartografia do real. (2022). RHINOCERVS: Cinema, Dança, Música, Teatro, 1(1), 121-143. https://doi.org/10.34629/rcdmt.vol.1.n.1.pp121-143