Do jornalismo ao seu abandono

uma análise a partir do percurso de ex-jornalistas em Portugal

Autores

  • José Nuno Matos Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.4000/cp.11278

Palavras-chave:

jornalismo, ex-jornalistas, precariedade, abandono do emprego, desemprego

Resumo

Ao longo das últimas décadas, o jornalismo tem atravessado uma série de mudanças no que diz respeito ao seu produto, ao seu modo de produção e às condições de quem o produz. O objetivo deste artigo reside na análise destas transformações a partir dos percursos socioprofissionais de ex-jornalistas, procurando-se compreender o que motivou o fim da atividade, a condição posteriormente alcançada e, por fim, a perceção sobre o jornalismo. Neste sentido, o abandono efetivo do jornalismo é precedido por um sentimento de abandono dos seus valores, facilitando a opção por outra área. Esta, por sua vez, dependerá das circunstâncias que conduziram ao fim da profissão, verificando-se diferenças entre quem escolheu abandonar o jornalismo e quem foi forçado a fazê-lo.

 

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • José Nuno Matos, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa

    Especialista em sociologia do trabalho e dos media. Licenciado e Mestre em Ciência Política (ISCSP-ULisboa), doutorou-se em Sociologia no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) em 2013. Entre 2014 e 2018 foi investigador de pós-doutoramento no ICS-ULisboa, instituição na qual presentemente desenvolve funções enquanto Investigador Auxiliar. É docente da cadeira de Análise Social na Escola Superior de Comunicação Social do Instituto Politécnico de Lisboa (ESCS-IPL).

    Este trabalho é financiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito da celebração do contrato-programa previsto nos números 4, 5 e 6 do art.º 23.º do D.L.  n.º 57/2016, de 29 de agosto, alterado pela Lei n.º 57/2017, de 19 de julho.

     

    Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa
    Av. Prof. Aníbal Bettencourt 9
    1600-189 Lisboa

Referências

Baptista, C. (2012). Uma profissão em risco iminente de ser «descontinuada». Jornalismo & Jornalistas, 52, 15-17.

Bardin, L. (2009). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.

Bertaux, D. (2010). Le récit de vie. Paris: Armand Colin.

Bertaux, D., & Thompson, P. (1997). Pathways to social class: A qualitative approach to social mobility. Oxford: Clarendon Press.

Bourdieu, P. (2005). The political field, the social science field, and the journalistic field. In R. Benson & E. Neveu (Eds.), Bourdieu and the journalistic field (pp. 29-47). Cambridge: Polity Press.

Camponez, C., Miranda, J., Fidalgo, J., Garcia, J. L., Matos, J. N., Oliveira, M., Martins, P., & Silva, P. A. (2020). Estudo sobre os efeitos do estado de emergência no jornalismo no contexto da pandemia Covid-19. Lisboa: Sopcom.

Cardoso, G., & Mendonça, S. (2017). Jornalistas e condições laborais: Retrato de uma profissão em transformação. Lisboa: Obercom.

Cohen, N., Hunter, A., & O´Donnel, P. (2019). Bearing the burden of corporate restructuring: Job loss and precarious employment in Canadian journalism. Journalism Practice, 13(7), 817-833.

Compton, J., & Bennedeti, P. (2010). Labour, new media and the institutional restructuring of journalism. Journalism Studies, 11(4), 487-499.

Davidson, R., & Meyers, O. (2016). “Should I stay or should I go?”: Exit, voice, and loyalty among journalists. Journalism Studies, 17(5), 590-607.

Deuze, M. (2007). Media work. Cambridge: Polity Press.

Fidalgo, J. (2008), O jornalista em construção. Porto: Porto Editora.

Figueira, J. (2012). A imprensa Portuguesa (1974-2010). Coimbra: Angelus Novus.

Gabriel, Y., Gray, D., & Goregaokar, H. (2013). Job loss and its aftermath among managers and professionals: Wounded, fragmented and flexible. Work, Employment and Society, 27(1), 56–72.

Garcia, J. L. (2009). Introdução ao estudo dos jornalistas portugueses: Os jornalistas e as contradições do capitalismo jornalístico no limiar do século XXI. In J. L. Garcia (Ed.), Estudos sobre os jornalistas Portugueses - Metamorfoses e encruzilhadas no limiar do século XXI (pp. 23-46). Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais.

Garcia, J. L., & Silva, P. A. (2009). Elementos de composição socioprofissional e de segmentação. In J. L. Garcia (Ed.), Estudos sobre os jornalistas Portugueses - Metamorfoses e encruzilhadas no limiar do século XXI (pp. 121-131). Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais.

Garcia, J. L., Martinho, T. D., Matos, J. N., Ramalho, J., Cunha, D. S., & Alves, M. P. (2018). Sustainability and its contradictory meanings in the digital media ecosystem: Contributions from the Portuguese scenario. In A. Delicado, N. Domingos, & L. Sousa (Eds.), Changing societies: Legacies and challenges. The diverse worlds of sustainability (Vol. 3, pp. 341-361. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais.

Garcia, J. L., Marmeleira, J., & Matos, J. N. (2014). Incertezas, vulnerabilidades e desdobramento de atividades. In J. Rebelo (Org.), As novas gerações de jornalistas em Portugal (pp. 9-19). Lisboa: Editora Mundos Sociais.

Gomes, R. (2015). Fuga de cérebros: Retratos da emigração portuguesa qualificada. Lisboa: Bertrand.

Hirschman, A. (1970). Exit, voice and loyalty: Responses to decline in firms, organizations and states. Cambridge: Harvard University Press.

Lorey, I. (2015). State of insecurity: Government of the precarious. London: Verso.

Matos, J. N., Baptista, C., & Subtil, F. (Eds.) (2017). A crise do jornalismo em Portugal. Lisboa: Le Monde Diplomatique e Deriva.

Miranda, J., & Gama, R. (2019). Os jornalistas portugueses sob o efeito das transformações dos media - Traços de uma profissão estratificada. Análise Social, 54(230), 154-177.

Morgan, G., Wood, J., & Nelligan, P. (2013). Beyond the vocational fragments: Creative work, precarious labour and the idea of ‘Flexploitation.’ The Economic and Labour Relations Review, 24(3), 397–415.

Nikunen, K. (2014). Losing my profession: Age, experience and expertise in the changing newsrooms. Journalism, 15(7), 868–888.

Nunes, N., Cachado, R. A., Raposo, O., Ferreira, D., & Carmo, R. M. (2016). Ação coletiva à escala individual e local: Perfis e retratos sociológicos. Sociologia, Problemas e Práticas, 81, 95-113.

Oliveira, J. M. P. (2018). Comunicação e quotidiano. Lisboa: Tinta-da-China.

Oliveira, J.M.P (1988). Elementos para uma sociologia dos jornalistas Portugueses. Revista de Comunicação e Linguagens, 8, 47-53.

Örnebring, H. (2010). Technology and journalism-as-labour: Historical perspectives. Journalism, 11(1), 57–74.

Pacheco, L., & Freitas, H. (2014). Poucas expectativas, algumas desistências e muitas incertezas. In J. Rebelo (Org.), As novas gerações de jornalistas em Portugal (pp. 21-35). Lisboa: Editora Mundos Sociais.

Pais, J. M. (2001). Ganchos, tachos e biscates: Jovens, trabalho e futuro. Lisboa: Ambar.

Paugam, S. (2000). Le salarié de la precarité: Les nouvelles formes de l´intégration professionelle. Paris: Presses Universitaires de France.

Poirer, J., Clapier-Valadon, S., & Raybaut, P. (1999). Histórias de vida: Teoria e prática. Oeiras: Celta.

Quintanilha, T. (2019). Journalists’ professional self-representations: A Portuguese perspective based on the contribution made by the sociology of professions. Journalism: Theory, Practice & Criticism.

Rebelo, J. (2011). Ser jornalista em Portugal: Perfis sociológicos. Lisboa: Gradiva.

Schumpeter, J. (1975). Capitalism, socialism, and democracy. Nova York: Harper & Row.

Sherwood, M., & O´Donnel, P. (2018). Once a journalist, always a journalist?. Journalism Studies, 19(7), 1021-1038.

Sousa, H., & Santos, L. A. (2014). Portugal at the eye of the storm: Crisis, austerity and the media. Javnost - The Public, 21(4), 47-61.

Vieira, J. (Coord.) (2015). A nossa telefonia: 35 anos de telefonia em Portugal. Lisboa: Tinta-da-China.

Waldenstyrom, A., Wiik, J., & Andersson, U. (2018). Conditional autonomy: Journalistic practice in the tension field between professionalism and managerialism. Journalism Practice, 13(4), 493-508.

Witschge, T., & Nygren, G. (2009). Journalistic work: A profession under pressure. Journal of Media Business Studies, 6(1), 37-59.

Downloads

Publicado

2021-08-06

Como Citar

Do jornalismo ao seu abandono: uma análise a partir do percurso de ex-jornalistas em Portugal. (2021). Comunicação Pública, 15(29). https://doi.org/10.4000/cp.11278