CALL FOR PAPERS: DOSSIÊ TEMÁTICO "O jornalismo na sociedade contemporânea: 20 anos de O Quarto Equívoco"
Editores:
Fátima Lopes Cardoso (Escola Superior de Comunicação Social e ICNOVA-Instituto de Comunicação da Nova) e
Pedro Marques Gomes (Escola Superior de Comunicação Social, HTC-NOVA FCSH e ICNOVA-Instituto de Comunicação da Nova)
Línguas: Português; Inglês; Espanhol
DATA LIMITE PARA A SUBMISSÃO DE ARTIGOS: 7 de julho de 2023
Abstract
No ano em que a obra de referência de Mário Mesquita (1950-2022) completa duas décadas de existência, pretende-se, com este número especial da revista Comunicação Pública, reunir estudos que incidam sobre a transversalidade de temas abordados em O Quarto Equívoco – O poder dos media na sociedade contemporânea (MinervaCoimbra, 2003).
O jornalismo cívico, o «poder» do jornalismo ou o jornalismo como contrapoder, as representações mediáticas, a personagem jornalística, a objetividade, a deontologia e a responsabilidade social do jornalista e os acontecimentos cerimoniais são alguns dos pontos de partida para a chamada de trabalhos deste número, que pretende incentivar a continuidade da problematização e discussão pública de questões para as quais Mário Mesquita deu um contributo fundamental.
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Descrição e enquadramento
Quando, há 20 anos, Mário Mesquita reuniu em livro um conjunto de trabalhos que tinha criado como jornalista, professor e estudioso das teorias e práticas do jornalismo contemporâneo, marcou incontornavelmente a investigação nesta área. A obra constituiu um contributo inovador e de grande relevância para compreender a natureza complexa do jornalismo e ajudar outros congéneres - jornalistas, estudantes de Ciências Sociais, em particular da Comunicação, e académicos - a analisar, como escreveu, “os múltiplos equívocos que rodeiam o denominado «quarto poder»” (2003, p.19).
Dividido em cinco partes - Atualidades, Poderes, Perspetivas, Deontologias e Cerimoniais -, O Quarto Equívoco – O poder dos media na sociedade contemporânea (MinervaCoimbra, 2003) é o resultado de um percurso de estudo e reflexão sobre os media e o jornalismo ou, como escreveram dois dos seus mestres – Elihu Katz e Daniel Dayan –, resulta da sua “rica experiência adquirida nas suas três vidas, como académico, como jornalista e como ator político” (Katz e Dayan, 2021). Uma obra que continua a inspirar académicos e profissionais de comunicação, demonstrando a sua atualidade e importância.
Há mais de duas décadas, as redações portuguesas davam os primeiros passos na divulgação de notícias através dos meios eletrónicos, investindo na rapidez, as jovens estações de televisão privadas apostavam no direto e o jornalismo, muito por força do pequeno ecrã, conquistava um poder de influência acentuadamente ambivalente. Por um lado, apresentava-se como um aliado da verdade e que queria combater o poder. Por outro, transformava-se no eco das instituições republicanas em crise e manifestava subserviência em relação às figuras do poder e das suas instituições.
O jornalismo, que tem como obrigação transmitir a verdade dos factos e assegurar o distanciamento de qualquer tipo de poderes, seja legislativo, executivo ou judicial, acabava, também, refém dos ditames comerciais e do lucro. “O quarto poder” caricaturado por Orson Welles deixava-se render ao critério de mercado. E esta é apenas uma das muitas facetas do jornalismo como “quatro equívoco” que mereceu a análise de Mário Mesquita: “O poder mediático dissemina informação e institui-se em tribuna de debate, o que deveria incentivar o exercício da cidadania, mas, ao mesmo tempo, agrava a crise, na medida em que facilita «desintermediação» das instituições representativas, acentua a personalização no exercício dos cargos públicos e, por via da espectacularização da notícia, contribui para desenvolver uma atitude de desconfiança cívica” (2003: 17).
Passaram 20 anos sobre a 1ª edição de O Quarto Equívoco e as questões críticas identificadas pela figura ímpar do estudo do jornalismo, que este número da revista Comunicação Pública homenageia, parecem ter-se agudizado, após anos de cortes nos media justificados pela crise económica de 2008, com consequências dramáticas para o exercício do jornalismo, pela inesperada pandemia de covid-19 e agora de uma conjuntura financeira catastrófica agravada pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia. No entanto, só o conhecimento e o estudo permitem confirmar ou refutar a visão negativa que muitas vezes se anuncia. Mesquita escreveu, a este propósito: “Não me peçam para explicar, em conclusão, que o jornalismo actual está de «melhor» saúde do que há dez ou vinte anos atrás. É provável que assim seja, se isolarmos alguns jornais e seleccionarmos alguns programas de televisão e de rádio, abstraindo do contexto” (2003, p. 255).
Se em Mário Mesquita a análise servia para diagnosticar problemas, levantar hipóteses de estudo e, de alguma forma, apontar caminhos para garantir que os media continuariam a assegurar o pluralismo na informação, este número especial pretende perpetuar essa necessidade crítica que resulta da investigação científica na área do jornalismo e contribuir para perceber que caminhos tem seguido, nos últimos tempos, esta tão nobre “profissão do simbólico”.
Objetivos e enfoques pretendidos
Considerando que as diferentes temáticas e problemáticas analisadas na obra O Quarto Equívoco continuam a manifestar-se no jornalismo e na relação que estabelece com a sociedade e com os diversos poderes que a deveriam servir, procuram-se contributos sobre os seguintes tópicos:
- Jornalismo como contra poder, como quarto poder ou aliado dos poderes
- Objetividade ou construção na cobertura da notícia
- Os acontecimentos mediáticos e os rituais de celebração
- As representações do jornalismo
- Retóricas do texto e da imagem jornalística
- Critérios de seleção na era da instantaneidade
- Informação versus infotainment: a euforia mediática nos diretos televisivos
- Jornalismo cívico: a responsabilidade social dos media
- Entre o mercado, a ética e a deontologia: fronteiras de desequilíbrio
- O ensino do jornalismo
DATAS IMPORTANTES
Abertura da chamada de artigos: 1 de março de 2023
Data limite para a submissão de artigos: 7 de julho de 2023
Data de publicação do número: 15 de dezembro de 2023
Submissão dos artigos:
A submissão de artigo deve ser feita através da plataforma https://journals.ipl.pt/cpublica/index . É necessário que os autores se registem no sistema antes de submeter um artigo; caso já tenha se registado basta aceder ao sistema e iniciar o processo de 5 passos de submissão.
Os artigos devem ser submetidos através do modelo pré-formatado para submissão de artigos à Comunicação Pública. Para mais informações sobre a submissão consultar Informação para Autores e Instruções para Autores.