Acidente vascular cerebral em idade ativa: caracterização dos utentes enviados para a fisioterapia
DOI:
https://doi.org/10.25758/set.2191Palavras-chave:
Acidente vascular cerebral, Idade ativa, Funcionalidade, Mobilidade funcional, FisioterapiaResumo
Introdução – O acidente vascular cerebral (AVC) aumenta com a idade. No entanto, as incapacidades resultantes do AVC numa população jovem e ativa têm um grande impacto no indivíduo e na sociedade. Objetivo – Analisar as características pessoais, clínicas e funcionais dos indivíduos com AVC em idade ativa, verificando a associação entre variáveis e comparando os seus resultados com os indivíduos idosos com AVC. Método – Estudo observacional, descritivo e transversal. A população em estudo foram os indivíduos com AVC enviados para a fisioterapia num hospital terciário, em regime ambulatório, num período de três anos. Foram recolhidos dados de caracterização pessoal e clínica; aplicou-se a Motor Assessment Scale (MAS) e realizou-se o Timed Up and Go Test (TUG). Os dados foram analisados através de estatística descritiva, de análise de correlação e de inferência estatística (teste de Qui-quadrado e teste de Mann-Whitney), considerando-se um intervalo de confiança de 95%. Resultados – Dos 151 indivíduos avaliados, 64 tinham menos de 65 anos (42,4%), incluindo 10 com menos de 45 anos (6,6%). O género masculino foi o mais atingido e a maioria dos casos foram AVC isquémicos. Os mais jovens apresentaram um melhor desempenho funcional, maior percentagem de elementos com marcha autónoma e melhor mobilidade funcional. Estas diferenças são estatisticamente significativas ao comparar os resultados do TUG dos indivíduos em idade ativa com os idosos (p=0,004) e da MAS entre os menores de 45 anos com os maiores de 65 (p=0,048). A maioria dos utentes avaliados encontrava-se em risco de queda, constatando-se uma associação entre a idade e o risco de queda. Verificou-se uma correlação negativa entre as variáveis MAS e TUG. Conclusões – Com este estudo, pelas suas dimensões e limitações, não é possível elaborar considerações definitivas sobre o AVC em idade ativa e as suas repercussões funcionais; no entanto, pretende contribuir para uma reflexão sobre esta temática. Os fisioterapeutas deverão estar conscientes das necessidades específicas desta população e adaptar a sua intervenção de modo a minimizar o impacto desta condição na qualidade de vida dos indivíduos.
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