Da identificação dos primeiros sintomas ao internamento por anorexia nervosa: que recursos procuram os pais e como os percecionam?
DOI:
https://doi.org/10.25758/set.716Palavras-chave:
Anorexia nervosa, Perceção parental, Recursos, Equipa multidisciplinar, Tempo de doença não tratadaResumo
Objetivos – Identificar os vários recursos utilizados pelos pais de crianças com anorexia nervosa, após a identificação dos primeiros sintomas dos filhos; caracterizar os intervalos temporais entre a identificação de sintomas nos filhos, o pedido de ajuda, o acesso ao apoio e a necessidade de internamento; identificar os recursos que os pais consideram como estando em falta. Método – Recurso a um inquérito semiestruturado, anónimo, em formato digital, dirigido aos pais de crianças internadas com o diagnóstico de anorexia nervosa na Unidade de Internamento de Pedopsiquiatria de um hospital da área urbana do centro de Portugal, entre janeiro de 2018 e dezembro de 2019. Os resultados foram analisados estatisticamente com recurso ao Excel. Resultados – Os técnicos de saúde foram identificados como os recursos utilizados com maior frequência para obter informação ou apoio emocional. Dentro dos apoios técnicos, o pediatra assistente e o médico de família foram os recursos considerados como mais acessíveis. Apenas 18,2% dos pais referiram que os filhos tinham um acompanhamento prolongado (há mais de seis meses) antes de serem internados. Em relação aos recursos que os pais identificaram como tendo estado em falta, 84,8% dos pais destacaram a necessidade de apoio psicológico/psiquiátrico para eles próprios. Discussão – Este trabalho evidenciou a existência de um período de tempo longo entre a identificação dos primeiros sintomas de doença e a tomada de decisão de pedir uma avaliação técnica. Conclusão – Existem ainda graves falhas na deteção precoce de crianças e adolescentes com anorexia nervosa. Nesse sentido, é necessário otimizar a deteção precoce e a referenciação por parte dos técnicos a quem estas famílias estão a recorrer em primeira linha, nomeadamente aos médicos de família.
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