Exposição profissional a formaldeído: que realidade em Portugal?

Autores

  • Susana Viegas Área Científica de Saúde Ambiental, Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, Instituto Politécnico de Lisboa. Lisboa, Portugal. Escola Nacional de Saúde Pública, Universidade Nova de Lisboa. Lisboa, Portugal. Centro de Investigação e Estudos em Saúde Pública (CIESP), Escola Nacional de Saúde Pública, Universidade Nova de Lisboa. Lisboa, Portugal.
  • João Prista Escola Nacional de Saúde Pública, Universidade Nova de Lisboa. Lisboa, Portugal. Centro de Investigação e Estudos em Saúde Pública (CIESP), Escola Nacional de Saúde Pública, Universidade Nova de Lisboa. Lisboa, Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.25758/set.294

Palavras-chave:

Formaldeído, Exposição ocupacional, Laboratório de anatomia patológica, Monitorização ambiental

Resumo

Introdução – O formaldeído está enquadrado entre as 25 substâncias químicas mais abundantemente produzidas no mundo devendo-se essencialmente à sua elevada reactividade, ausência de cor, à sua pureza no formato comercial e, ainda, ao seu baixo custo. A IARC, desde 2006, classifica o formaldeído no Grupo 1 (agente carcinogénico) com base na evidência de que a exposição a formaldeído é susceptível de causar cancro nasofaríngeo em humanos. Desenvolveu-se um estudo de natureza exploratóra com o objectivo essencial de obter informação sobre a realidade da exposição profissional a formaldeído em Portugal. Igualmente, pretendeu-se conhecer a adequabilidade de uma nova metodologia de monitorização ambiental ao estudo da exposição  ocupacional a formaldeído.  Metodologia – Realizaram-se várias medições das concentrações de formaldeído em 7 unidades industriais e num laboratório hospitalar de anatomia patológica. As avaliações ambientais foram concretizadas com recurso a um equipamento de leitura directa que realiza a medição por Photo Ionization Detection (PID), com uma lâmpada de 11,7 eV. Resultados – No laboratório de anatomia patológica estudado foram registados valores de concentração superiores ao valor-limite de referência (0,3 ppm). Igualmente, em 2 das 7 unidades industriais estudadas foram registados valores de concentração máxima superiores a 0,3 ppm. Conclusões – Em  consonância com outros estudos, o laboratório de anatomia patológica apresentou-se como o contexto ocupacional onde a exposição a formaldeído apresenta as concentrações mais elevadas. A metodologia adoptada para monitorização ambiental parece adequar-se aos objectivos da presente investigação e relacionada com o modo de actuação do agente químico em estudo.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

International Programme on Chemical Safety. Formaldehyde: OECD SIDS. Paris: UNEP Publications; 2004.

International Programme on Chemical Safety. Formaldehyde health and safety guide. Geneva: WHO; 1991 [cited 2007 Nov 21];57. Available from: www.inchem.org/documents/ehc/ehc/ehc89.htm

Goyer N. Exposition au formaldéhyde en milieu de travail: la pathologie [Exposure to formaldehyde in the workplace: pathology laboratory]. Montréal: Institut de Recherche Robert-Sauvé en Santé et en Sécurité du Travail; 2007. French

Naya M, Nakanishi J. Risk assessment of formaldehyde for the general population in Japan. Regul Toxicol Pharmacol. 2005;43(3):232-48.

Pereira PA, Andrade MV, Andrade JB, Pinheiro HL. Compostos carbonílicos atmosféricos: fontes, reactividade, níveis de concentração e efeitos toxicológicos. Química Nova. 2002;25:1117-31. Portuguese

Goyer N, Bégin D, Beaudry C, Bouchard M, Carrier G, Lavoué J, et al. Prevention guide: formaldehyde in the workplace. Montréal: Institut de Recherche Robert-Sauvé en Santé et en Sécurité du Travail; 2006.

Granby K, Christensen CS, Lohse C. Urban and semi-rural observations of carboxylic acids and carbonyls. Atmos Environ. 1997;31(10):1403-15.

Odabasi M, Seyfioglu R. Phase partitioning of atmospheric formaldehyde in a suburban atmosphere. Atmos Environ. 2005;39(28):5149-56.

National Industrial Chemicals Notification and Assessment Scheme. Formaldehyde. Sydney, Australia: NICNAS; 2006.

International Agency for Research on Cancer. Formaldehyde, 2-Butoxyethanol and 1-tert-Butoxy-2-propanol. Lyon: IARC; 2006.

Zhang L, Steinmaus C, Eastmond DA, Xin XK, Smoth MT. Formaldehyde exposure and leukemia: a new meta-analysis and potential mechanisms. Mutat Res. 2009;681(2-3):150-68.

National Institute for Occupational Safety and Health. Formaldehyde: evidence of carcinogenicity. Cincinnati, OH: NIOSH; 1981 [cited 2006 Jul 17]. Available from: http://www.cdc.gov/niosh/81111_34.html

Agency for Toxic Substances and Disease Registry. Formaldehyde sampling of FEMA temporary-housing trailers. Atlanta, GE: ATSDR; 2007.

von Schulte H, Bernauer U, Madle S, Mielke H, Herbst U, Richter-Reichhelm HB, et al. Assessment of the carcinogenicity of formaldehyde (CAS No. 50-00-00). Berlin: Bundesinstitut fur Risikobewertun; 2006.

Institut National de Recherche Scientifique. Valeurs limited d’exposition professionnelle aux substances dangereuses de l’ACGIH aux Etats-Unis et de la Commission MAK en Allemagne. Cahiers de Notes Documentaires. 1996;163:197-227. French

Vincent R, Jeandel B. Exposition professionnelle au formaldéhyde en France: informations fournies par la base de données Colchic. Hygiène et sécurité du travail. 2006;(203):19-33. French

Perrault G, Goyer N, Hébert F, Duguay P, Ostiguy C, Truchon G, et al. Étude préliminaire sur l’évaluation de l’impact d’un abaissement des valeurs d’exposition admissibles pour le formaldéhyde [Pilot study of the impact of the lowering of formadehyde's permissible exposure limits]. Montréal: Institut de Recherche Robert-Sauve en Santé et en Sécurité du Travail; 2001. French

González-Ferradás E. Formaldehído: toxicología e impacto ambiental. Madrid: Fundación MAPFRE; 1986.

Goyer N, Beaudry C, Bégin D, Bouchard M, Buissonet S, Carrier G, et al. Impacts d’un abaissement de la valeur d’exposition admissible au formaldéhyde: industries de fabrication de formaldéhyde et de résines à base de formaldéhyde [Impacts of the lowering of the permissible exposure value for formaldehyde: formaldehyde and formaldehyde based resin manufacturing industries]. Montréal: Institut de Recherche Robert-Sauvé en Santé et en Sécurité du Travail; 2004. French

Goyer N, Beaudry C, Bégin D, Bouchard M, Carrier G, Gely O, et al. Impacts d’un abaissement de la valeur d’exposition admissible au formaldéhyde: fonderies [Impacts of the lowering of the permissible exposure value for formaldehyde: smelters]. Montréal: Institut de Recherche Robert-Sauvé en Santé et en Sécurité du Travail; 2004. French

Goyer N, Beaudry C, Bégin D, Bouchard M, Buissonet S, Carrier G, et al. Impacts d’un abaissement de la valeur d’exposition admissible au formaldéhyde: industries de la fabrication de panneaux agglomérés. Montréal: Institut de Recherche Robert-Sauvé en Santé et en Sécurité du Travail; 2004. French

Vaughan T, Stewart P, Teschke K, Lynch C, Swanson G, Lyon J, et al. Occupational exposure to formaldehyde and wood dust and nasopharyngeal carcinoma. Occup Environ Med. 2000;57(6):376-84.

Goyer N, Beaudry C, Bégin D, Bouchard M, Buissonet S, Carrier G, et al. Impacts d’un abaissement de la valeur d’exposition admissible au formaldéhyde: transformation de matières plastiques [Impacts of the lowering of the permissible exposure value for formaldehyde: plastic materials processing industry]. Montréal: Institut de Recherche Robert-Sauvé en Santé et en Sécurité du Travail; 2004. French

Marsh GM, Stone RA, Esmen NA, Henderson VL, Lee KY. Mortality among chemical workers in a factory where formaldehyde was used. Occup Environ Med. 1996;53(9):613-27.

U. S. Environmental Protection Agency. Locating and estimating air emissions from sources of formaldehyde (revised) [Internet]. EPA; 1991 [cited 2008 Dec 2]. Available from: http://www.epa.gov/ttn/chief/le/formal.pdf

U.S. Environmental Protection Agency. Reregistration eligibility decision for formaldehyde and paraformaldehyde [Internet]. EPA; 2008 [cited 2008 Dec 3]. Available from: http://www.epa.gov/pesticides/reregistration/REDs/formaldehyde-red.pdf

Goyer N, Bégin D, Bouchard M, Buissonet S, Carrier G, Gely O, et al. Impacts d’un abaissement de la valeur d’exposition admissible au formaldéhyde: industrie de finition textile [Impacts of the lowering of the permissible exposure value for formaldehyde: textile finishing industry]. Montréal: Institut de Recherche Robert-Sauvé en Santé et en Sécurité du Travail, 2004. French

Gilbert N. Proposed residential indoor air quality guidelines for formaldehyde [Internet]. Health Canada; 2005. Available from: http://www.hc-sc.gc.ca/ewh-semt/alt_formats/hecssesc/pdf/pubs/air/formaldehyde/in-formaldehyde-eng.pdf

Institut National de Recherche et de Sécurité pour la Prévention des Accidents du Travail et des Maladies Professionnelles. Fiche toxicologique: aldéhyde formique et solutions aqueuses (FT nº 7). Paris: INRS; 2006.

Nazaroff WW, Coleman BK, Destaillats H, Hodgson AT, Lunden MM, Singer BC, et al.. Indoor air chemistry: cleaning agents, ozone and toxic air contaminants [Internet]. Berkeley, CA: Lawrence Berkeley National Laboratory of the Indoor Environment Department; 2006. Available from: http://www.arb.ca.gov/research/apr/past/01-336_a.pdf

Maison A, Pasquier E. Le point des connaissances sur le formaldéhyde. 3e éd. Paris: Institut National de Recherche et de Sécurité pour la Prévention des Accidents du Travail et des Maladies Professionnelles; 2008.

Richards R, Dupont D, Larivière P. Formaldéhyde: guide de prévention. Montréal: Association pour la Santé et la Sécurité du Travail, Secteur des Affaires Sociales; 1990.

Hayes AW. Principles and methods of toxicology. 4th ed. London: Informa Healthcare; 2001.

Moral R. Laboratório de anatomía patológica. Madrid: McGraw-Hill; 1993.

Ghasemkhani M, Jahanpeyma F, Azam K. Formaldehyde exposure in some educational hospitals of Tehran. Ind Health. 2005;43(4):703-7.

International Agency for Research on Cancer. Summary of IARC monographs on formaldehyde and glicol ethers. Paris: IARC; 2005.

Binetti R, Costamagna FM, Marcello I. Development of carcinogenicity classifications and evaluations: the case of formaldehyde. Ann Ist Super Sanita. 2006;42(2):132-43.

Coggon D, Harris EC, Poole J, Palmer KT. Extended follow-up of a cohort of british chemical workers exposed to formaldehyde. J Natl Cancer Inst. 2003;95(21):1608-15.

Hauptmann M, Lubin JH, Stewart PA, Hayes RB, Blair A. Mortality from lymphohematopoietic malignancies among workers in formaldehyde industries. J Natl Cancer Inst. 2003;95(21):1615-23.

Vargová M, Wagnerová J, Lísková A, Jakubovsky J, Gajdová M, Stolcová E, et al. Subacute immunotoxicity study of formaldehyde in male rats. Drug Chem Toxicol. 1993;16(3):255-75.

Kauppinen T, Toikkanen J, Pedersen D, Young R, Kogevinas M. Occupational exposure to carcinogens in Portugal in 1990-93: preliminary results. Helsinki: Finnish Institute of Occupational Health; 1998.

Herber R, Duffus JH, Christensen JM, Olsen E, Park MV. Risk assessment for occupational exposure to chemicals: a review of current methodology. Pure Appl Chem. 2001;73(6):993-1031.

Viegas S, Prista J. Estudo da exposição ocupacional a formaldeído num laboratório de anatomia patológica: relevância da aplicação de uma metodologia (PID) de monitorização ambiental [Study of occupational exposure to formaldehyde in a pathology laboratory: relevance of applying a methodology (PID) for environmental monitoring]. Saúde e Trabalho. 2009;7:13-23. Portuguese

Poirot P, Subra I, Gérardin F, Baudin V, Grossmann S, Héry M. Determination of short–term exposure with a direct reading photoionization detector. Ann Occup Hyg. 2004;48(1):75-84.

Burgaz S, Erdem O, Cakmak G, Erdem N, Karakaya A, Karakaya AE. Cytogenetic analysis of buccal cells from shoe workers and pathology and anatomy laboratory workers exposed to n-hexane, toluene, methyl ethyl ketone and formaldehyde. Biomarkers. 2002;7(2):151-61.

Pilidis GA, Karakitsios SP, Kassomenos PA, Kazos EA, Stalikas CD. Measurements of benzene and formaldehyde in a medium sized urban environment: indoor/outdoor health risk implications on special populations groups. Environ Monit Assess. 2009;150(1-4):285-94.

Adriano A, Palma J, Sousa M. Satisfação profissional dos técnicos de anatomia patológica, citológica e tanatológica. 2005. Located at: Licenciatura de Anatomia Patológica, Citológica e Tanatológica, Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa. Portuguese

Coy JD, Bigelow PL, Buchan RM, Tessari JD, Parnell JO. Field evaluation of a portable photoionization detector for assessing exposure to solvent mixtures. AIHA J. 2000;61(2):268-74.

Pyatt D, Natelson E, Golden R. Is inhalation exposure to formaldehyde a biologically plausible cause of lymphohematopoietic malignancies? Regul Toxicol Pharmacol. 2008;51(1):119-33.

Downloads

Publicado

15-11-2009

Edição

Secção

Artigos

Como Citar

Exposição profissional a formaldeído: que realidade em Portugal?. (2009). Saúde & Tecnologia, 04, 46-53. https://doi.org/10.25758/set.294