Características dos cuidadores de idosos assistidos pelas equipas domiciliárias da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados na região de Lisboa e Vale do Tejo: estudo transversal observacional

Autores

  • Paula Broeiro-Gonçalves Médica Assistente Graduada de Medicina Geral e Familiar. Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) dos Olivais, Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) de Lisboa Central. Lisboa, Portugal. Assistente convidada da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Lisboa, Portugal. Estudante de Doutoramento da Escola Nacional de Saúde Pública, Universidade Nova de Lisboa. Lisboa, Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.25758/set.1711

Palavras-chave:

Envelhecimento no lugar, Visita domiciliária, Cuidador, Telemóvel, Computador

Resumo

Introdução – O sucesso do envelhecimento no lugar depende do cuidador informal. O cuidador é o elemento crítico no cuidado. Importa, pois, caracterizar os cuidadores e verificar se existe associação entre características do cuidador e a duração do cuidado e a respetiva sobrecarga. Metodologia – Estudo descritivo transversal, numa amostra de 230 participantes, distribuídos por 25 equipas de cuidados continuados integrados aleatoriamente selecionadas. A colheita de dados ocorreu por entrevista semiestruturada ao cuidador, no domicílio do doente. Procedeu-se à descrição e análise (Qui-Quadrado e correlação de Spearman) dos dados.  Resultados – A média de idade dos cuidadores foi de 66,46 anos. Noventa e sete (42,1%) encontravam-se em idade ativa (18 a 64  anos). Duzentos e vinte e seis (98%) cuidadores eram familiares, predominantemente cônjuges ou filhos e menos de metade (47%) dos cuidadores prestam cuidados tecnológicos. Verificou-se uma tendência de associação negativa entre sobrecarga do cuidador e autoperceção do estado de saúde e satisfação com o cuidar. A acessibilidade telefónica aos profissionais foi valorizada pela maioria (85,7%) dos cuidadores, sendo que a maioria (88,3%) tinha telemóvel e menos de metade (40,4%) computador. Discussão – O cuidar no lugar de idosos é feminino, familiar (cônjuges e filhos) e com idade igual ou superior a 65 anos. O número de cuidadores em idade ativa em que mais de metade não trabalha é uma questão social e económica que merece reflexão. A sobrecarga subjetiva do cuidador esteve inversamente associada à satisfação do cuidar e à autoperceção do estado de saúde. As horas de cuidado formal parecem ser um indicador económico e não de necessidade de cuidado. A associação entre escolaridade e cuidados tecnológicos e uso de tecnologias de informação e comunicação pelos cuidadores foram alguns dos resultados relevantes.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Mestheneos E. Ageing in place in the European Union. IFA Glob Ageing. 2011;7(2):17-24.

Gomes B, Sarmento VP, Ferreira PL, Higginson IJ. Estudo epidemiológico dos locais de morte em Portugal em 2010 e comparação com as preferências da população Portuguesa [Epidemiological study of place of death in Portugal in 2010 and comparison with the preferences of the Portuguese population]. Acta Med Port. 2013;26(4):327-34. Portuguese

Gomes B, Higginson IJ. Factors influencing death at home in terminally ill patients with cancer: systematic review. BMJ. 2006;332(7540):515-21.

Daveson BA, Alonso JP, Calanzani N, Ramsenthaler C, Gysels M, Antunes B, et al. Learning from the public: citizens describe the need to improve end-of-life care access, provision and recognition across Europe. Eur J Public Health. 2014;24(3):521-7.

Van Durme T, Macq J, Jeanmart C, Gobert M. Tools for measuring the impact of informal caregiving of the elderly: a literature review. Int J Nurs Stud. 2012;49(4):490-504.

Deeken JF, Taylor KL, Mangan P, Yabroff KR, Ingham JM. Care for the caregivers: a review of self-report instruments developed to measure the burden, needs, and quality of life of informal caregivers. J Pain Symptom Manage. 2003;26(4):922-53.

Rose JH, Bowman KF, O'Toole EE, Abbott K, Love TE, Thomas C, et al. Caregiver objective burden and assessments of patient-centered, family-focused care for frail elderly veterans. Gerontologist. 2007;47(1):21-33.

Bastawrous M. Caregiver burden: a critical discussion. Int J Nurs Stud. 2013;50(3):431-41.

Duggleby W, Williams A, Ghosh S, Moquin H, Ploeg J, Markle-Reid M, et al. Factors influencing changes in health related quality of life of caregivers of persons with multiple chronic conditions. Health Qual Life Outcomes. 2016;14:81.

Bell CL, Somogyi-Zalud E, Masaki KH. Factors associated with congruence between preferred and actual place of death. J Pain Symptom Manage. 2010;39(3):591-604.

Bartlett H, Carroll M. Ageing in place down under. IFA Glob Ageing. 2011;7(2):25-34.

Broeiro P. Cuidar no lugar: um apelo ao sentido de coerência e à resiliência [Caring in place: a call for a sense of coherence and resilience]. Rev Port Med Geral Fam. 2016;32(1):6-8. Portuguese

Cunha MJ. O impacto do cuidado informal na qualidade de vida do cuidador [Dissertation]. Porto: Instituto Politécnico do Porto; 2012.

Santana S, Sousa-Pereira A. Da utilização da Internet para questões da saúde e doença em Portugal: possíveis repercussões na relação médico-doente? [On the use of the Internet for health and illness issues in Portugal: repercussions in the physician-patient relationship]. Acta Med Port. 2007;20(1):47-57. Portuguese

Procter R, Wherton J, Greenhalgh T, Sugarhood P, Rouncefield M, Hinder S. Telecare call centre work and ageing in place. Comp Support Coop Work. 2016;25(1):79-105.

Espanha R, Mendes R, Fonseca RB, Correia T. Os Portugueses, a saúde e a Internet. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian; 2012. ISBN 9789898380050

Krishna S, Boren SA, Balas EA. Healthcare via cell phones. Telemed J E Health. 2009;15(3):231-40.

Lee H, Singh J. Appraisals, burnout and outcomes in informal caregiving. Asian Nurs Res (Korean Soc Nurs Sci). 2010;4(1):32-44.

Gonçalves-Pereira M, Zarit SH. The Zarit Burden Interview in Portugal: validity and recommendations in dementia and palliative care. Acta Med Port. 2014;27(2):163-5.

Crondahl K, Karlsson LE. The nexus between health literacy and empowerment: a scoping review. SAGE Open. 2016;6(2). [Epub ahead of print]

Lopes M, Mendes F, Escoval A, Agostinho M, Vieira C, Vieira I, et al. Plano nacional de saúde 2011-2016: cuidados continuados integrados em Portugal - Analisando o presente, perspectivando o futuro [Internet]. Évora: Centro de Investigação em Ciências e Tecnologias da Saúde da Universidade de Évora; 2010. Available from: http://1nj5ms2lli5hdggbe3mm7ms5.wpengine.netdna-cdn.com/files/2010/08/CSC1.pdf

Decreto-Lei nº 101/2006, de 6 de junho. Diário da República. 1ª série-A(109).

Broeiro P. Morbilidade em idosos dependentes ao cuidado das equipas domiciliárias da Rede Nacional de Cuidados Integrados na região de Lisboa e Vale do Tejo: estudo transversal observacional. Acta Med Port. 2017;30. [No prelo]

Virués-Ortega J, De Pedro-Cuesta J, Seijo-Martínez M, Saz P, Sánchez-Sánchez F, Rojo-Pérez F, et al. Prevalence of disability in a composite ≥75 year-old population in Spain: a screening survey based on the International Classification of Functioning. BMC Public Health. 2011;11:176.

Instituto Nacional de Estatística, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. Inquérito nacional de saúde 2005/2006. Lisboa: INE/INSA; 2009.

Vintém JM. Inquéritos nacionais de saúde - Auto-percepção do estado de saúde: uma análise em torno da questão de género e da escolaridade [National health interview surveys: self-perceived health status: an analysis about gender and schooling]. Rev Port Saúde Pública. 2008;26(2):5-16. Portuguese

Ferreira F, Pinto A, Laranjeira A, Pinto AC, Lopes A, Viana A, et al. Validação da escala de Zarit: sobrecarga do cuidador em cuidados paliativos domiciliários, para população portuguesa [Validation of the Zarit’s scale (“Zarit Burden Interview”) for the portuguese population in the field of domiciliary palliative patient care]. Cad Saúde. 2010;3(2):13-9. Portuguese

Davis KL, Marin DB, Kane R, Patrick D, Peskind ER, Raskind MA, et al. The caregiver activity survey (CAS): development and validation of a new measure for caregivers of persons with Alzheimer's disease. Int J Geriatr Psychiatry. 1997;12(10):978-88.

Araújo F, Pais-Ribeiro JL, Oliveira A, Pinto C. Validação do Índice de Barthel numa amostra de idosos não institucionalizados [Validation of the Barthel Index in a sample of non-institutionalized elderly]. Rev Port Saúde Pública. 2007;25(2):59-66. Portuguese

Koller D, Schön G, Schäfer I, Glaeske G, van den Bussche H, Hansen H. Multimorbidity and long-term care dependency: a five-year follow-up. BMC Geriatr. 2014;14:70.

Gonçalves-Pereira M, Carmo I, da Silva JA, Papoila AL, Mateos R, Zarit SH. Caregiving experiences and knowledge about dementia in Portuguese clinical outpatient settings. Int Psychogeriatr. 2010;22(2):270-80.

Curry LC, Walker C, Hogstel MO. Educational needs of employed family caregivers of older adults: evaluation of a workplace project. Geriatr Nurs. 2006;27(3):166-73.

Oliveira E. Portugal: uma síntese estatística regional até ao nível de município [Internet]. Lisboa: Gabinete de Estratégia e Estudos, Ministério da Economia; 2014. Available from: http://www.gee.min-economia.pt/?cfl=32292

Downloads

Publicado

04-08-2022

Edição

Secção

Artigos

Como Citar

Características dos cuidadores de idosos assistidos pelas equipas domiciliárias da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados na região de Lisboa e Vale do Tejo: estudo transversal observacional. (2022). Saúde & Tecnologia, 17, 39-46. https://doi.org/10.25758/set.1711