Risco de burnout nos técnicos de radiologia das unidades de saúde do Porto
DOI:
https://doi.org/10.25758/set.2251Palavras-chave:
Síndroma de Burnout, Stress, Técnicos de radiologia, MBI-HSSResumo
Introdução – O burnout é descrito como uma síndroma que envolve exaustão emocional, física e mental e que resulta da exposição continuada ao stress laboral. É caracterizada por elevada exaustão emocional, despersonalização e baixa realização pessoal. Objetivo – Este estudo procurou avaliar o risco de burnout nos técnicos de radiologia que exercem funções em instituições de saúde da região do Porto, Portugal. Materiais e Métodos – Os níveis de burnout foram estimados através do Maslach Burnout Inventory – Human Services Survey composto por 22 questões. A amostra foi constituída por 122 indivíduos, provenientes de sete instituições de saúde, públicas e privadas, em que 61,5% eram do sexo feminino, com média de idades e desvio-padrão de 38,3 (±9,3) anos. Na análise relacional entre as variáveis sociodemográficas e os resultados do MBI-HSS foram utilizados os testes Qui-quadrado de Pearson ou Exato de Fisher, conforme a percentagem de células com contagem menor que 5 era menor ou maior que 20% para as variáveis qualitativas. Para as variáveis quantitativas realizaram-se os testes ANOVA ou Kruskal-Wallis, conforme a homogeneidade da variância entre grupos. A interpretação dos testes estatísticos correlacionais foi efetuada com base no nível de significância de α=0,05 com intervalo de confiança de 95%. Resultados – A análise dos níveis das dimensões do burnout revelou valores médios de 21,73 (±11,37) para a exaustão emocional, de 7,42 (±5,40) para a despersonalização e de 32,79 (±8,46) para a realização pessoal, o que se coaduna com níveis moderados para as duas primeiras dimensões e baixos para a última. Deste grupo de técnicos, 39,3% e 29,5% exibem elevados níveis de exaustão emocional e despersonalização, respetivamente. A baixa realização pessoal é experienciada por 48,4% dos inquiridos. Discussão – As mulheres são mais afetadas pela exaustão emocional (51%), bem como os profissionais com tempo na função entre os 11 e os 30 anos. Em serviços compostos por 20 a 40 técnicos observa-se um nível mais elevado de exaustão emocional (63%). A maioria dos inquiridos afirma que o trabalho afeta a sua autoestima, vida familiar e social, nomeadamente de forma negativa, o que posteriormente se relaciona com alguns valores elevados de exaustão emocional e despersonalização e baixos de realização pessoal. Conclusão – A ocorrência de burnout nos técnicos de radiologia é relevante e estes resultados alertam para a necessidade de intervir no sentido de melhorar as condições de trabalho, formação contínua e implementação de medidas de suporte emocional dos profissionais de saúde, de forma a garantir a qualidade do serviço prestado aos utentes e o bem-estar pessoal destes profissionais.
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