A individualização do direito à saúde: contributos a partir de um olhar analítico

Autores

  • Tiago Correia Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa – Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL). Lisboa, Portugal. Centro de Investigação e Estudos de Sociologia – Instituto Universitário de Lisboa (CIES-IUL). Lisboa, Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.25758/set.914

Palavras-chave:

Políticas de saúde, Racionalização, Liberalismo, Co-pagamentos, Individualização

Resumo

Este artigo de natureza ensaística procura contribuir para o desenvolvimento de argumentos já apresentados a respeito de reconfigurações ideológicas nas políticas de saúde. A partir de dimensões analíticas discute-se o espaço e implicações da individualização do direito à saúde no contexto de maior liberalização dos mercados e de maior exposição ao investimento privado lucrativo. A individualização do direito à saúde assume-se como contrária aos princípios éticos e morais consolidados entre os países ocidentais a partir da 2ª metade do séc. XX, em que o acesso aos cuidados passa gradualmente a estar dependente das condições individuais das famílias, não obstante o pagamento de impostos e outros seguros. Não só passa a existir espaço para formas desiguais de acesso ao direito à saúde, como o princípio da utilização racional que baseia esta reconfiguração é uma crença managerialista falaciosa e, em larga medida, irrealista. Esta discussão é ilustrada a partir de dados da OCDE, os quais demonstram tendências díspares a respeito desta dinâmica.

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Publicado

30-11-2013

Como Citar

A individualização do direito à saúde: contributos a partir de um olhar analítico. (2013). Saúde & Tecnologia, Suplemento, e52-e56. https://doi.org/10.25758/set.914