Efetividade de um protocolo de intervenção em grupo para indivíduos com linfedema em fase de manutenção na melhoria clínica, funcional e qualidade de vida
DOI:
https://doi.org/10.25758/set.2253Palavras-chave:
Linfedema, Autogestão, Compressão, Exercício físicoResumo
Introdução – Linfedema é uma condição crónica e progressiva que pode resultar em incapacidade considerável e perda de qualidade de vida, estimando-se que possa atingir 140 a 250 milhões de pessoas a nível mundial. Apesar da eficácia demonstrada pelo tratamento instituído em Portugal é frequente observar que os resultados obtidos são transitórios e pouco duradouros. Objetivo – Avaliar a efetividade do Protocolo de Intervenção em Grupo para Indivíduos com Linfedema na Fase de Manutenção na melhoria clínica, funcional e qualidade de vida, contribuindo para a introdução de uma nova tecnologia de saúde em Portugal, que aumente os níveis de adesão ao autotratamento e autogestão nos portadores de linfedema. Método – Realizou-se um estudo quantitativo quase-experimental sem grupo de controlo, com avaliação pré e pós-intervenção, que decorreu durante 24 sessões baseada na educação, automedição, autobandagem e compressão associada ao exercício físico. Para medição de resultados foram utilizados instrumentos de avaliação clínica (perimetria; peso), funcional (prova de marcha de seis minutos; escala de avaliação de equilíbrio estático FICSIT-4; teste de agachamento 30 segundos; teste flexão antebraço 30 segundos; questionário internacional de atividade física – IPAQ) e qualidade de vida (questionário de avaliação de ganhos em saúde SF-6D). Resultados – No primeiro ano de intervenção realizaram este protocolo 22 indivíduos, dos quais: 17 com linfedema de membro(s) inferior(es), quatro com linfedema de membro superior e uma desistência. A intervenção foi eficaz na redução da perimetria nos membros inferiores em todos os pontos avaliados (p’s<0,05), na redução de peso (p<0,0001), no aumento da distância percorrida na prova de marcha de seis minutos (p<0,0001), no aumento da pontuação da FICSIT (p<0,0001), no aumento da força/resistência muscular em ambos os membros (p’s<0,0001), no aumento dos níveis de atividade física totais (p=0,002) e na perceção subjetiva de qualidade de vida (p=0,001). Conclusão – Não sendo possível extrapolar os dados para a generalidade da população, os resultados descritos levam a pensar que este tipo de intervenção, baseada num modelo de cuidados crónicos centrado na educação e autogestão, poderá ser benéfico para o indivíduo portador de linfedema em Portugal.
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